Por vezes quero dormir e não consigo. Sem qualquer tipo de razão lógica aparente, parece que o meu cérebro entra num estado profundo de trabalho e não paro de pensar. Se fosse um pensar produtivo, eu não me queixava, mas o que se sucede é que este pensar não passa de uma impressão de ter mil e um bichinhos na minha cabeça, cada um a gritar uma palavra diferente, o que origina um cotovelar de ideias brutal que me arruína a juízo em pouco tempo.
Este "pensar" arromba-me o intelecto várias vezes, mais do que as que devia. Simplesmente é como se nem tivesse sono. E é uma situação que se pode prolongar por uma quase "directa". Noites em claro, ideias mil. Combinação explosiva para quem quer tentar (que se frise o tentar) ter atenção às aulas no dia seguinte.
Estas noites são péssimas para tudo. Mesmo que vá tocar piano dou por mim a pensar em coisas que nem sei o que são. Se tento escrever, é provável que comece a falar de ovelhas e acabe a divagar sobre gelatinas com olhos. Se tento não fazer nada tomo consciência da velocidade mirabulante a que o meu cérebro funciona em tais alturas e entro em desespero. Se em último recurso pego no iPod e afogo-me na música, apenas estou a fornecer combustível à máquina que está dentro de mim a processar informação a uma rapidez inimaginável. Penso no impensável e imagino o nunca antes pensado. Ideias estúpidas e pensamentos soltos que, embora inúteis, impedem-me de fazer o que quero.
O pior é saber-me teimosa e sentir que perante tal situação ridícula não posso fazer nada. E lá fico eu, estendida na cama durante oito horas (máximo de horas que durmo por noite) sem fazer nada a ter um remoinho de palavras a bombardearem-me a paz.