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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Citações da lina

     Tal como tenho vindo a repetir ao longo destes últimos dias, se tudo correr bem, entro na faculdade de direito da universidade de Coimbra. Com esta conquista, regresso para a minha cidade natal, onde está a minha família toda que não a nuclear. Assim, vou viver com os meus avós maternos, o que promete.
     A minha avó tem oitenta anos e já foi submetida a várias anestesias gerais (nove, se não estou em erro). Ora, todos sabemos que este tipo de anestesias tem um grande impacto no cérebro e mata muitas células cerebrais. A juntar a isto, há o facto da senhora ser de outro tempo, e ter outra mentalidade.
     Por não entender a sociedade de hoje em dia, a minha avó é perita em tecer comentários um tanto absurdos. Porém, eu, uma pessoa bastante paciente em relação a certas coisas, delicio-me a ouvir os pensamentos profundos com os quais a minha avó me presenteia. Ora me diz que eu tenho de ir à missa porque as meninas têm de ir, ou que não posso usar calças porque as meninas usam saias, ou até mesmo que as mães de hoje são irresponsáveis porque deixam os filhos sair de casa com as calças todas rasgadas.

      Ainda o mais interessante é ver a minha avó a relatar-me uma história com o maior entusiasmo como se fosse verídica e esta não passar de uma novela ou de um reclame televisivo.
      Perante todas estas relíquias decidi adquirir um caderno para poder apontas as mais variadas ideias e teorias da lina. Tenho a certeza que, mais tarde, vou gostar de voltar a ler e relembrar os momentos.

      Que não haja confusão e que se entenda que não é uma maneira de gozo. A verdade é que tenho o maior respeito pela minha avó e entendo-a perfeitamente. Já sofreu muitas intervenções cirúrgicas e pertence a outra realidade completamente diferente da qual não se conseguiu descolar. De certa forma, é através dela que eu consigo perceber como se pensava antes e a grande diferença entre os homens e as mulheres que era promovida à umas décadas atrás. 
       Com este caderno só quero mesmo guardar momentos e palavras dela. Quero saber que não vou gastar tempo que tenho com ela e que vou ter uma maneira de guardar parte dela comigo, para sempre - nem que sejam palavras. 
  

domingo, 1 de agosto de 2010

Tourada - a minha opinião

          Sou piamente contra as touradas. 18 anos de vida ainda não foram suficientes para eu entender que raio tem aquela "festa" de interessante. A meu ver, não passa de um atestado de estupidez humana.


           O Homem tem de massacrar outros animais que julga inferiores (na verdade, a idiotice é tal que se acha superior a qualquer outro ser vivo) para demonstrar o seu poder - acha ele - e poder ser feliz com a tortura alheia. Não passando de um encontro bárbaro, a tourada trás ao de cima tudo o que há de podre na raça humana. A crueldade e o prazer que se sente a ver a morte de um ser vivo, assustam-me. E é escusado argumentarem que o animal não morre que é absurdo. Sabemos bem que no fim da tourada, os animais são mortos (os que sobrevivem, claro). Pondo a hipótese de não serem mortos e, ao contrário, serem tratados para serem postos na arena posteriormente, estamos perante um quadro mórbido. Que indivíduo tem a coragem de submeter um touro à dupla tortura? Ou terceira, ou quarta, ou quinta... É macabro.
         Um dos argumentos mais utilizados para defender este costume que envergonha o Homem é "é uma tradição". Meus caros, o que está mal, muda-se! O mundo evolui. O casamento, tradicionalmente, era era dois indivíduos de sexos diferentes. Contudo, por se verificar que este hábito não estava adaptado à sociedade actual, mudou-se, e permitiu-se o casamento entre homossexuais. Na mesma linha de pensamento, se a tourada é uma tradição completamente desajustada ao sentido de humanidade que temos, que se baseia no respeito e na tolerância, não faz sentido perpetuar esta festa só porque já é uma velha conhecida. Um touro tem tanto direito à vida e ao respeito como um Homem. Não sejamos hipócritas ao ponto de defender que se pare com a violência aos cãezinhos e gatinhos e depois ir para uma bancada festejar a tortura animal. Tem de haver coerência. Aliás, deve existir coerência.
      

          É hora de acabar com esta espécie de festa. Se o mundo se acha assim tão à frente como inteligente, então estaremos todos dotados de capacidades cognitivas que nos permitam perceber que não faz sentido continuar com este tipo de barbaridades.