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terça-feira, 6 de setembro de 2016

Demon's Blood - Spiral of Deception


Há sete semanas recebi este livro e a vontade de lê-lo surgiu por uma miríade de razões. Nenhuma delas era o gosto particular por histórias sobre o fantástico. Li-o, então, a contar passar um bom bocado e depois arrumá-lo e não pensar mais nele. Estava enganada.

Demon’s Blood começa por nos apresentar a realidade que as personagens principais, até então, conhecem para que, mais tarde, compreendamos as suas motivações, as suas dúvidas e os seus medos. Tudo parece uma história sobre jovens adultos iguais aos demais até que, de uma página para a outra, o mundo que eles conhecem (e que nos foi dado a conhecer) muda radicalmente e se torna manifestamente mais interessante.

Demon’s Blood destruiu os preconceitos que eu tinha sobre livros cujas personagens centrais são anjos e demónios.
As criaturas sobre as quais a história versa eram, tanto quanto eu sabia, seres facilmente distinguíveis por serem exclusivamente bons ou maus. O livro vem mostrar-me ter estado enganada e consegue a proeza de reconstruir a ideia pré-feita que se tem destas entidades. Sem que o leitor se aperceba, começa a pensar em todas as criaturas como pessoas, tão normais quanto possível. Ninguém é só preto ou só branco e Demon’s Blood é um mundo onde dominam os cinzentos.
As personagens e a sua evolução face aos mais diversos acontecimentos são o coração desta história de enganos e manipulações, de bem feito por mal e de mal feito por bem. Noto, ainda, como cada tropeção das personagens é revelado cautelosamente, nunca totalmente exposto para que o leitor tenha, até à última página, dúvidas por esclarecer que o fazem querer virar a página tão rápido quanto consegue.
Capítulo após capítulo, é-nos dado a conhecer mais mundo e tal reforça a ligação que se sente a todos os intervenientes da história, tão reais, tão cheios de coisas mundanas que vivem em nós e nos que nos rodeiam.

Friso também a multiplicidade de personagens principais como um ponto extremamente positivo e que torna a leitura muito dinâmica. A história tem ritmo do primeiro capítulo ao último, sendo notória a vontade do autor em manter estes relativamente curtos, intercalando os mais diversos núcleos da história, contando-a, em momentos, por mais que um ponto de vista.
O livro está organizado de forma a nunca se tornar aborrecido e ser possível interromper a leitura sem que tal comporte o risco de o leitor perder o fio à meada.

Se há aspectos menos positivos, para mim, a apontar são as descrições de duas grandes batalhas. Estas tornam-se um tanto repetitivas: assim que é eliminada uma criatura, a batalha com as demais é sempre semelhante e isso, para alguém cuja preferência literária, até então, não conhecia anjos e demónios, é o ponto menos interessante do livro.
Contudo, reconheço que tais capítulos serão um deleite para quem é um apaixonado pelo mundo do fantástico e pode, assim, acompanhar as capacidades sobrenaturais dos guerreiros que se gladiam de forma espetacular.

Demon’s Blood – Spiral of Deception termina precisamente como deve acabar um primeiro livro de uma série de dois, mas de forma a deixar em nervos alguém impaciente como eu: a história conhece o seu fim com o cenário construído para que o leitor queira devorar o segundo volume que ainda não está publicado.


Mais informações sobre o livro e sobre o autor aqui.