"Tapo os meus olhos com uma venda imaginária para me
fechar do mundo. Sento-me no chão com a t-shirt que me deste, com as flores
permanentes ao peito, abraço as cartas recebidas e ponho o anel que significa
tudo. Levanto-me para ir buscar os bilhetinhos que estão afixados no meu quadro
de cortiça e ponho-os junto a mim, no tapete.
A minha cabeça grita alto o que sinto e eu não entendo.
Ao mesmo tempo que vislumbro o quadro que pintámos sem tintas nem tela,
apercebo-me da minha dependência – tu. O medo de perder a estabilidade, a
aflição de não ser percebida, o pavor de acordar numa guerra à partida perdida.
Um novelo de sentimentos opostos e confusos sobrepõem-se à pacificidade
esperada fazendo-me sentir cansada sem ter de sair do lugar.
Amo-te não chega. O que sinto
é tão grande e tão forte que poderia perder horas a tentar descrever mas não
expressaria metade do sentimento. Não dei pela sua chegada e mesmo com ele
aqui, não me sinto diferente. No fundo, é um pequeno soldado. Esperou quieto
por saber que não tinha vantagem, e assim que reuniu um exército atacou-me
usando uma técnica qualquer que me faz querer o calor dos teus lábios, o
conforto dos teus olhos, a paz do teu toque. “Foi como um sopro estranho,
aconteceu”.
No chão, rodeada de tanta prova material de que nada é
uma ilusão, continuo a desesperar pelo teu gesto, mesmo que tenha acabado de te
ver. Por alguma razão que desconheço, o (muito) tempo que passo contigo nunca
parece suficiente. Quero sempre mais. Estou viciada.
Recordo o sabor da tua pele, a felicidade de ver o teu
sorriso, a cara de “puto contente” que é sinal de satisfação.
A nossa história é uma página pesada, que o mundo nunca
conseguirá virar. Não há ninguém que
chegue onde chegamos em conjunto. Não há ninguém como nós. Jamais separarei o
teu gesto do meu. Gosto mesmo muito de ti."
Este também foi encontrado perdido nas pastas do computador. Escrito quando tinha 16 ou 17 anos. Ri-me. Como está tudo tão diferente...
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