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sábado, 10 de maio de 2008

Mundo

O mundo vira as páginas mais rápido que eu. Não consigo saborear cada palavra porque o mundo pede-me para passar à frente. A velocidade a que ele funciona é muito superior à minha e não consigo viver.

Este mundo está cada vez mais negro e encruzilhado. Os caminhos feitos pelas pessoas são paralelos para evitarem interacções. Acabaram os toques, os cheiros, as conversas. Agora tudo é coberto de fumo e barulho que não sei bem de onde vem mas que incomoda e impede a vida quotidiana, pelo menos a minha, de funcionar como antes pudera funcionar.

Antes podia andar pelas ruas e cruzar-me com pessoas, rir e esperar um dia sempre melhor. Agora isso não passa de uma ideia remota que nem os meninos pequeninos têm. Aliás, eles nunca pensaram nisso.

As pessoas são como fotocópias umas das outras e têm como modelo a seguir uma criatura demoníaca chamada moda. Todos são iguais, pensam da mesma maneira e vestem igual, como se tivessem sido criados em série numa fábrica. Onde está a diferença e a liberdade? Preciso disso.

Olho nos olhos das pessoas e já não me vêm como antes. Estão diferentes, mais distantes e frias, mais escuras e desligadas do mundo.

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