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sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Enrolado.


Depois de desligar o telefone sentei-me no meu sofá de pele. Vi a sala rodar sobre mim como se eu fosse um eixo mas já nem tinha a certeza para que lado roda o mundo. O meu parece rodar no sentido oposto dos outros.
Parei para pensar e acendi o cigarro. Ele mata-me aos poucos e dá-me vida. Cada pedaço de mim que esmorece, é um pedaço salvo da vida que tenho de levar. Se as imagens não fossem distorcidas, haveria mais gente a lutar e menos a fraquejar, perdendo-se pelo caminho e acabando junto de pedras.
Abri os olhos e quis ver o que me rodeava pelo menos mais uma vez. A única coisa que vi foi um nevoeiro denso que me ofuscou da realidade pura onde cirando aos tombos desesperando ajuda. Esfreguei os olhos. Continuei a ver o mesmo. Talvez o erro não seja meu, ou então já estraguei demais e os vícios não me deixam voltar atrás.
Como se de uma linha se tratasse puxei os tempos passados da minha vida para junto de mim e assim quis acabar enrolado nos nós da existência e nas subtilezas do não haver.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Ardentemente Frágil

A minha vida é como uma chama. Temo o vento.

Tanto sou forte e domino quem me tenta apagar e temo o mais natural, como as massas de ar que se deslocam sobre o mundo onde vivo. Creio no poder da alma que me ilumina e na ignorância que me apaga. Há ainda muito para aprender, mas poucos para lutar pelo conhecimento.

Aqueles que bebem da mesma fonte que eu ambicionam que a poeira assente e que as raízes molhadas das árvores me abracem para proteger do vento. Também temo a água. Talvez seja melhor lutar sozinha em vez de me aliar às raízes, sofro antecipadamente por que elas me apaguem.

Tenho luz própria e sei que sozinha posso iluminar outros. Desejo-lhes sempre o dobro do que me desejam a mim. É o meu lema, é o meu combustível.